Biocombustíveis: O Papel Crucial na Descarbonização do Setor Energético

Entenda o que são os biocombustíveis, principais tipos e como eles podem impulsionar o Brasil na Transição Energética. 

Biocombustíveis são combustíveis sustentáveis produzidos a partir de matéria orgânica renovável, como plantas e resíduos agrícolas ou industriais. Eles substituem os combustíveis fósseis e ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Explicamos tudo sobre os Biocombustíveis no Blog da GreenIO. Veja a seguir!

Compreendendo os Biocombustíveis

Antes de mais nada, compreende-se que os biocombustíveis são uma fonte de energia sustentável que permitem uma diversificação da matriz energética. Ademais, a produção de biocombustíveis estimula o desenvolvimento rural. Promovendo a geração de emprego e renda no campo. 

Contribuindo para a segurança energética, ao reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Além de incentivar a bioeconomia e a descarbonização.

Conheça os Principais Tipos de Biocombustíveis

Os biocombustíveis incluem o Biodiesel, Etanol, Biogás, Bioquerosene e Hidrogênio Verde, todos produzidos a partir de fontes renováveis e com potencial para reduzir emissões. Cada um desempenha um papel importante na descarbonização de setores específicos. Quer saber mais sobre os tipos de biocombustíveis? Confira a seguir:

1. Biodiesel

Biodiesel

De forma geral, produz-se o biodiesel a partir de óleos vegetais, como soja e palma, ou gorduras animais, sendo uma fonte renovável por utilizar matérias-primas orgânicas. Através da transesterificação, os triglicerídeos desses óleos reagem com álcool (metanol ou etanol), gerando biodiesel e glicerina.

Ele funciona em motores a diesel convencionais, sem grandes adaptações, sendo ideal para o transporte rodoviário. Outrossim, o biodiesel é biodegradável, não tóxico e reduz em até 90% as emissões de CO₂, oferecendo uma alternativa mais limpa em relação ao diesel fóssil.

Biodiesel no Brasil

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de biodiesel, com uma produção de mais de 7,5 bilhões de litros em 2023, segundo o Anuário Estatístico da ANP. Esse aumento foi impulsionado pela elevação da mistura obrigatória de biodiesel no diesel para 12%. 

O cenário é positivo, com novas metas estabelecidas pelo projeto “combustível do futuro”, que prevê 15% de biodiesel no diesel até 2025 e 20% até 2030.

Ademais, o Painel Dinâmico de Produtores de Biodiesel, da ANP, oferece dados sobre a localização, produção regional, matéria-prima e capacidade de armazenamento dos produtores regulados de biodiesel. Além disso, as tabelas com essas informações estão disponíveis para consulta pública, facilitando o acesso a dados atualizados sobre o setor.


2. Etanol

Etanol

Primeiramente, o etanol é um tipo de álcool obtido pela fermentação de açúcares de materiais vegetais, como cana-de-açúcar e milho. Ele emite menos CO₂ que a gasolina, é biodegradável e pode ser usado puro (E100) ou misturado com gasolina (E27). 

Suas principais vantagens incluem baixo custo de produção, redução de emissões e contribuição para a segurança energética, com aplicações em carros “flex-fuel” e usinas de cogeração de eletricidade.

Etanol no Cenário Nacional

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2023, a produção de etanol foi de aproximadamente 35,4 bilhões de litros, com 29,5 bilhões de litros provenientes de cana-de-açúcar e 5,9 bilhões de litros de milho. Uma produção 15,4% maior em relação a 2022, conforme a Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis 2023 da Empresa de Pesquisa Energética – EPE.

Do mesmo modo, no mesmo ano o Brasil importou 59,6 mil m³ de etanol, uma redução de 81,1% em relação a 2022, sendo 99% proveniente do Paraguai. Em contrapartida, as exportações brasileiras cresceram 2,9%, alcançando 2,5 milhões de m³, impulsionadas pelas regiões da América Central e do Sul, Oriente Médio, África e Ásia-Pacífico.

Os principais destinos do etanol brasileiro foram a Ásia-Pacífico (44,1%), Europa (24,7%) e América do Norte. A Coreia do Sul se destacou como o maior importador, adquirindo 820,3 mil m³, o que representou 32,7% do total exportado.


3. Biogás e Biometano

Biogás

De maneira geral, o biogás é um combustível gasoso gerado pela decomposição de matéria orgânica, como resíduos agrícolas e lixo orgânico. Através de processos anaeróbios, ou seja, sem a presença de oxigênio. 

Sua principal composição é o metano (CH₄), com alto poder energético. Ele transforma resíduos descartáveis em energia, sendo utilizado para gerar eletricidade, calor e, quando convertido em biometano, como combustível para veículos.

As vantagens incluem a redução de emissões de metano, melhor gestão de resíduos e menor dependência de combustíveis fósseis. Além disso, suas principais aplicações são em estações de tratamento de esgoto, aterros sanitários e como substituto do GNV em veículos.

Crescimento do Biogás e Biometano no Brasil em 2023

Atualmente, o Brasil foca sua produção de biometano no mercado interno, substituindo o gás natural em veículos, indústrias e geração de energia. Embora ainda em expansão, o biometano é fundamental para a descarbonização da matriz energética brasileira, com grande potencial para o futuro.

Em 2023, o Brasil alcançou uma capacidade instalada de 131 MW para geração distribuída de biogás, com uma oferta de 460 mil toneladas equivalentes de petróleo (tep). A produção de biometano cresceu 12,3%, atingindo 74,9 milhões de m³, sendo transportado como gás comprimido ou Bio-GNL, substituindo o gás natural em várias aplicações. Conforme o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2024

O Rio de Janeiro liderou o processamento de biogás, com 69,8% do total, seguido por Ceará e São Paulo. A maior parte da produção de biometano concentrou-se nas Regiões Sudeste e Nordeste. Com a expansão da produção e iniciativas como o RenovaBio, o Brasil tem potencial para exportar biometano no futuro.


4. Bioquerosene para Aviação

Bioquerosene para aviação

O bioquerosene para aviação, ou SAF (Sustainable Aviation Fuel), é uma alternativa renovável ao querosene convencional, produzido a partir de biomassa como óleos vegetais e resíduos orgânicos. Quimicamente semelhante ao querosene tradicional, o SAF pode ser misturado em até 50% sem afetar o desempenho dos motores. 

Esta solução visa reduzir as emissões de carbono na aviação, ao mesmo tempo que usa resíduos, evitando a competição com alimentos e promovendo a sustentabilidade ambiental. 

Além disso, o SAF não requer ajustes nos motores das aeronaves. Facilitando sua adoção em larga escala e contribuindo significativamente para a descarbonização do setor aéreo.

Cenário do SAF no Brasil

O mercado brasileiro de SAF está em fase inicial, com algumas iniciativas piloto em andamento. A primeira usina de produção comercial de bioquerosene foi inaugurada em 2022, com capacidade de 5 mil litros por dia. Este avanço é crucial para a expansão da produção de SAF no país e atende à crescente demanda das companhias aéreas por soluções sustentáveis e à necessidade de reduzir a pegada de carbono no setor aéreo.

Recentemente, foi publicado no Diário Oficial da União um acordo de cooperação técnica entre a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Com duração de cinco anos, o acordo tem o objetivo de desenvolver a regulamentação necessária para a inserção dos SAF no Brasil e criar o fórum Conexão SAF, que reunirá representantes da sociedade civil para impulsionar o mercado de SAF no país.

Além disso, o Projeto de Lei nº 528/2020, conhecido como PL do Combustível do Futuro, está em andamento. Já aprovado na Câmara dos Deputados e aguardando sanção do presidente Lula, o PL institui o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV). O programa busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor aéreo por meio da utilização de SAF, em conformidade com as diretrizes da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI).

Entretanto, apesar das oportunidades significativas para a bioeconomia e liderança do Brasil na transição energética, o setor de SAF enfrenta desafios industriais e econômicos. A competitividade do SAF em relação ao querosene fóssil e a necessidade de avanço tecnológico são obstáculos a serem superados. Com iniciativas robustas e um marco legal em evolução, o Brasil está bem posicionado para liderar a implementação de combustíveis sustentáveis na aviação.


5. Hidrogênio Verde

Hidrogênio Verde

Por fim, o hidrogênio verde é uma aposta global para a transição energética. Produz-se a partir da eletrólise da água usando energia elétrica de fontes renováveis, como solar e eólica, o que elimina as emissões de carbono associadas à sua produção. 

Além disso, caracteriza-se por alta eficiência, com uma das maiores densidades energéticas por peso, e é extremamente versátil, sendo aplicável em células de combustível, processos industriais e armazenamento de energia.

Seu principal benefício é que, ao ser utilizado, o único subproduto é vapor d’água, contribuindo para a descarbonização de setores complexos como a siderurgia e o transporte marítimo e ferroviário.

Perspectivas do H2V no Brasil

No Brasil, o hidrogênio verde está em fase inicial de desenvolvimento, com vários projetos em andamento e colaborações entre empresas de energia. Contudo, o setor enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de investimentos elevados em infraestrutura, a criação de uma rede eficiente para distribuição e armazenamento, e a superação de barreiras tecnológicas para reduzir os custos de produção e aumentar a eficiência.

As perspectivas para o hidrogênio verde são promissoras, com a possibilidade de se tornar uma peça chave na transição energética global. O Brasil tem a oportunidade de se destacar como líder na produção e utilização de hidrogênio verde, aproveitando seu potencial de geração de energia renovável. 

Avanços dos Biocombustíveis

Como vimos, a produção e comercialização de biocombustíveis no Brasil têm mostrado crescimento significativo nos últimos anos.  Impulsionadas pela transição energética e por políticas públicas como o RenovaBio, que busca reduzir as emissões de carbono no setor de combustíveis. 

O avanço tecnológico e os investimentos estratégicos podem posicionar o país como um hub global para soluções sustentáveis, impulsionando a economia e contribuindo para metas de descarbonização.

Fontes para mais informações

  1. ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) 
  2. IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável)
  3. EPE (Empresa de Pesquisa Energética)

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