A China está construindo o equivalente a dois terços dos projetos globais de energia eólica e solar. Contudo, ainda há desafios para a descarbonização.
A quantidade de energia eólica e solar em construção na China é equivalente ao dobro do resto do mundo combinado. Recentemente a Global Energy Monitor (GEM) publicou um relatório que revelou que a China possui cerca de 339GW de energia solar em escala de utilidade e energia solar em construção combinadas. País irá alcançar 1.200GW de capacidade instalada até o fim do ano. Saiba mais neste artigo!
China na produção de Energia Eólica e Solar – Compreendendo o cenário
Nos últimos anos, devido a um incentivo governamental, a China vivenciou um grande aumento nas energias renováveis. Nesse sentido, entre março de 2023 e março de 2024, o país instalou mais energia solar do que nos três anos anteriores combinados, e mais do que o resto do mundo em 2023.
Dessa maneira, a China está no caminho para atingir 1.200GW de capacidade instalada de energia eólica e solar até o final de 2024, seis anos à frente da meta do governo. Segundo os pesquisadores, há cerca de 180 gigawatts (GW) de energia solar em escala de utilidade e 159 gigawatts de energia eólica em construção.
De acordo com a EcoWatch, os EUA têm 40 gigawatts de capacidade de energia renovável atualmente em construção. Seguidos pelo Brasil com 13 gigawatts, o Reino Unido com 10 gigawatts e a Espanha com 9 gigawatts.
Além do que, eles consideraram apenas fazendas solares com capacidade de 20MW ou mais, que alimentam diretamente a rede. Assim, o volume total de energia solar na China pode ser muito maior. Pois pequenas fazendas solares representam cerca de 40% da capacidade solar da China.
Desafios para Descarbonização Chinesa
De acordo com o The Guardian, as descobertas destacam a posição de liderança da China na produção global de energia renovável. Em um momento em que os EUA estão cada vez mais preocupados com a super capacidade e o dumping chineses, especialmente na indústria solar.
Entretanto, apesar dos esforços chineses para a transição da sua matriz energética, o país ainda possui um longo caminho a percorrer para conseguir reduzir a intensidade de carbono da economia em 18%.
Em conformidade, sabe-se que a intensidade de carbono indica quantos gramas de CO2 são liberados para produzir um quilowatt-hora de eletricidade. De acordo com análises anteriores, o país precisará instalar entre 1.600GW e 1.800GW de energia eólica e solar até 2030. A fim de alcançar a meta de produzir 25% de energias sustentáveis de uso total.
Dependência Chinesa do Carvão
Em contrapartida, a GEM e o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo apontaram que as aprovações de novas usinas de carvão aumentaram quatro vezes entre 2022 e 2023. Em comparação com o período anterior de cinco anos de 2016-2020. Apesar de um compromisso em 2021 de “controlar rigorosamente” novas usinas a carvão. O crescimento no consumo total de carvão aumentou de uma média de 0,5% ao ano para 3,8% ao ano entre os dois períodos.
De acordo com o relatório do Conselho de Eletricidade da China (CEC), a capacidade solar e eólica na China pode representar cerca de 40% da capacidade instalada de energia no país até o final de 2024. Enquanto o carvão pode representar cerca de 37%.
Atualmente, a energia eólica e solar representa cerca de 37% da capacidade total de energia, e o carvão representa cerca de 39%. A participação da energia eólica e solar na capacidade total de energia aumentou cerca de 8% de 2022 até agora, segundo a análise.
Desafios da China para a Segurança Energética
De maneira geral, as tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia, geraram a apreensão de muitos países no fornecimento de energia, e grandes cortes de energia em partes da China nos últimos anos. Aumentando as preocupações dos oficiais chineses sobre a segurança energética.
Nesse sentido, a rede elétrica chinesa continua dependente do carvão. O qual as autoridades enxergam como necessário para mitigar a intermitência da energia renovável. Sob o mesmo ponto de vista, a indústria do carvão ainda é vista como um ponto de segurança para impulsionar os números locais do PIB.
Embora os setores de energia limpa sejam agora o maior impulsionador do crescimento econômico da China, representando 40% da expansão do PIB em 2023. A princípio, analistas afirmam que melhores armazenamento e flexibilidade da rede são essenciais para utilizar eficientemente a energia limpa gerada nas fazendas eólicas e solares da China.
China: Investimentos em Energias Sustentáveis
Ciente desse desafio, o governo chinês destacou as baterias de íon-lítio como uma das três tecnologias cruciais para crescimento de alta qualidade, junto com veículos elétricos e painéis solares. Em 2023, US$ 11 bilhões foram investidos em baterias conectadas à rede, um aumento de 364% em relação a 2022 segundo uma análise do Carbon Brief.
Outrossim, o relatório da GEM também destacou a liderança da China na construção efetiva de infraestrutura planejada de energia renovável. Os 339GW de energia eólica e solar que chegaram à fase de construção representam um terço dos projetos propostos. Superando de longe a taxa global de construção de 7%.
Em suma, 2023 viu um crescimento sem precedentes de energia eólica e solar na China, contribuindo para a sua liderança na instalação dessas fontes renováveis. Todavia, a China ainda precisa transformar o enorme aumento de renováveis em geração de energia. Substituir os combustíveis fósseis e atingir o ‘ponto de virada’ para alcançar o pico de suas emissões de carbono o mais cedo possível.
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