Pesquisa da Unesp transforma planta aquática em biocombustível

Entenda como o projeto inovador da Unesp explora lentilha-d’água como biocombustível

Recentemente, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp, em Araraquara, desenvolveu uma pesquisa inovadora que transforma a lentilha-d’água, planta aquática, em biocombustível sustentável.

Esse estudo, defendido na dissertação de mestrado de Carlos Takashi, integra um amplo projeto de economia circular e biotecnologia reconhecido pela ONU na COP26, com o objetivo de utilizar recursos naturais de forma eficiente e acessível.

“A produção de biocombustíveis a partir da biomassa residual da planta é uma solução de baixo custo e alto impacto para a autossuficiência energética de pequenos produtores”, comenta o professor Levi Pompermayer Machado, orientador do estudo.

Biocombustível de lentilha-d’água: uma alternativa sustentável e acessível

Em primeiro lugar, compreende-se que a lentilha-d’água, uma planta de origem europeia, cresce em lagos e rios. Ela tem sido utilizada pelo professor Levi em projetos de biorremediação, processo em que a planta absorve poluentes da água.

Nesse sentido, a pesquisa aproveitou essa biomassa residual para produção de biogás. Buscando criar uma fonte de energia renovável para uso em áreas rurais. Aumentando a independência energética dos produtores. Segundo Carlos, “conectar o processo de biocombustível à biorremediação reflete a ideia de economia circular, que visa o reaproveitamento máximo dos recursos.”

Transformação da lentilha-d’água em biocombustível sustentável

A principio, o estudo focou em duas etapas principais: caracterização da composição química da planta e análise de seu potencial como biocombustível. Em experimentos, a biomassa de lentilha-d’água foi tratada com microrganismos para produzir metano e hidrogênio, essenciais para gerar biogás.

Esse processo atingiu 78% de metano e 42% de hidrogênio, demonstrando um alto rendimento. “Nossa meta foi desenvolver um sistema simples e eficiente, acessível a pequenos agricultores que podem usar resíduos da planta para gerar energia localmente”, destaca Levi.

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Projeto Rota 2030 e Inovações Sustentáveis

Outro ponto relevante é a integração dessa pesquisa ao projeto Rota 2030, que promove inovações sustentáveis para o setor automotivo. Coordenado pelo professor Rodrigo Costa Marques, do Instituto de Química da Unesp, esse projeto conta com a colaboração de várias unidades da universidade e de instituições parceiras, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Assim sendo, a cooperação entre os centros de pesquisa foi crucial para a criação de soluções sustentáveis com base no conhecimento acadêmico e infraestrutura compartilhada. “O trabalho em rede permitiu que avançássemos com a pesquisa, acessando laboratórios e tecnologia de ponta”, acrescenta Levi.

Desenvolvimento de biocombustível em Registro: potencial energético rural

Inicialmente, a pesquisa de Carlos Takashi teve início na cidade de Registro, onde a coleta de biomassa ocorreu em uma lagoa de tratamento de efluentes. Após o pré-tratamento da biomassa, o material foi monitorado em laboratório, registrando altos níveis de produção de biometano e biohidrogênio.

Logo, essa solução pode ser uma alternativa prática e econômica para o setor agrícola e de piscicultura. Uma vez que a lentilha-d’água também utiliza-se em tanques de peixes para absorver resíduos.

Apoio internacional da ONU e premiação na COP26

Fortalecendo o impacto desse estudo, o reconhecimento da ONU premiou o projeto na COP26, e pela parceria com a Mosaic Fertilizantes. Empresa que financia iniciativas voltadas para a gestão sustentável da água.

Dessa maneira, a pesquisa tem o potencial de melhorar a sustentabilidade nas práticas agrícolas, e Levi acredita que a geração de biometano seria aproveitada em geradores de energia elétrica para comunidades rurais. Além disso, o projeto é finalista do Prêmio de Tecnologia Social da ONU, que valoriza inovações com forte impacto social.

Startup e empreendedorismo para o biocombustível de lentilha-d’água

Como próximo passo, Levi e Carlos planejam desenvolver uma startup para comercializar essa tecnologia, promovendo o empreendedorismo científico. “Queremos transformar essa pesquisa em um negócio viável, onde estudantes possam aplicar a tecnologia e gerar novas oportunidades”, destaca Levi, que atualmente coordena o programa de Ciência e Inovação do estado de São Paulo.

A equipe também explora outras aplicações para a lentilha-d’água, como produção de biofertilizantes e ração animal, ampliando ainda mais a sustentabilidade do projeto.

Incubadora apoia projetos de biocombustível de lentilha-d’água

Em parceria com a incubadora Aquário de Ideias, o projeto continua a expandir com o objetivo de implementar soluções de baixo custo em comunidades rurais e fomentar uma economia circular.

Por fim, a pesquisa demonstra o papel crucial de colaborações acadêmicas na geração de tecnologias acessíveis, reforçando o compromisso da Unesp com a inovação sustentável.

Fonte: Assessoria de Comunicação da FCF/Unesp