Primeira fábrica de combustível sustentável de aviação no Brasil, com investimento de R$ 50 milhões, começa a operar em 2025 em SP.
O Brasil deu mais um passo rumo à descarbonização do setor aéreo com a construção da primeira planta industrial de SAF (Sustainable Aviation Fuel) no estado de São Paulo.
Dessa maneira, o projeto, localizado em Narandiba, será liderado pela empresa Geo Biogás & Carbon, em parceria com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). O investimento total é de €7,8 milhões (aproximadamente R$ 50 milhões), com apoio financeiro da Alemanha e da Finep.
A planta produzirá biocombustível a partir de biogás gerado por resíduos de biomassa da indústria sucroenergética, com expectativa de produção de 270 mil litros anuais a partir de 2025.
O SAF tem potencial para reduzir até 80% das emissões de carbono em comparação ao querosene tradicional, uma solução que pode transformar o setor de aviação no Brasil e no mundo.
Lei Combustível do Futuro impulsiona projetos como esse
Antes de mais nada, no fim de outubro tivemos a sanção da Lei do Combustível do Futuro, que tem como objetivo posicionar o Brasil como líder global na produção de combustíveis sustentáveis. Esse marco abriu caminho para o desenvolvimento de projetos como esse, trazendo mais segurança para investimentos no país.
Segundo Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, “essa iniciativa está alinhada com as metas climáticas do estado, que busca reduzir emissões e fortalecer a economia verde”.
Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil da GIZ, reforçou a importância do Brasil no cenário internacional: “Não há outro país com essa combinação de energia renovável, recursos naturais e capacidade de produção. O Brasil tem tudo para ser referência global”.
Cooperação Alemanha e Brasil para produção de SAF
A princípio, a proposta é transformar Narandiba em um hub de inovação, utilizando biocombustíveis para abastecer o setor aéreo. Além da GIZ, o projeto conta com a Copersucar e a Finep como parceiros. E a produção inicial será misturada ao querosene de aviação (QAV), reduzindo significativamente a pegada de carbono.
Nesse sentido, a Alemanha está contribuindo com €1,5 milhão em recursos públicos para o desenvolvimento da unidade-piloto. Francke destaca que a intenção é replicar o modelo em escala global.
O papel do Brasil na produção de SAF
Do mesmo modo, o Brasil se destaca como um dos países mais promissores para a produção de SAF. Devido à sua vasta disponibilidade de biomassa e matriz energética renovável.
Iniciativas semelhantes já estão em andamento em outras regiões, como Natal, Goiânia e Foz do Iguaçu, onde se utilizam diferentes matérias-primas, como glicerina e resíduos agroindustriais.
Francke enfatiza que “o país tem uma posição única para liderar a transição energética global. A combinação de biogás, energia limpa e agricultura sustentável é a fórmula ideal para o sucesso do SAF”.
Desafios e metas para o futuro do SAF no Brasil
Portanto, apesar dos avanços, a produção de SAF ainda enfrenta desafios. Os altos custos e a capacidade limitada de produção são barreiras que precisam ser superadas.
A Lei do Combustível do Futuro estabelece metas ambiciosas para a descarbonização. Até 2027, as companhias aéreas devem reduzir 1% de suas emissões, alcançando 10% até 2037.
Globalmente, a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) projeta zerar as emissões líquidas até 2050, com o SAF desempenhando um papel fundamental.
Por fim, a parceria entre Brasil e Alemanha marca um passo significativo para a descarbonização da aviação. Com a inauguração da fábrica em Narandiba, o Brasil reforça sua posição na busca pela liderança na produção de biocombustíveis e avança na transição energética global.
Fontes:
- Folha de S.Paulo
- Agência SP