Brasil aposta nos pequenos reatores nucleares (SMRs) para fornecer energia limpa e estável a data centers e infraestrutura de IA, atraindo investimentos da Rússia, China e EUA.
O governo brasileiro colocou os pequenos reatores nucleares modulares (SMRs, na sigla em inglês) no centro de uma nova estratégia para garantir segurança energética à infraestrutura digital do país.
Em meio à corrida global por investimentos em data centers e inteligência artificial (IA), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a importância dos SMRs como solução para energia firme, limpa e de proximidade.
Durante missões à Rússia e à China, Silveira anunciou avanços estratégicos. Em Pequim, reforçou a meta de tornar os SMRs uma “energia vigorosa no Brasil”. Já em Moscou, o presidente Vladimir Putin autorizou a Rosatom a acelerar parcerias com o Brasil.
“Eles vão nos ajudar a diagnosticar o que nós temos no resto do nosso território e estarão disponíveis para a gente começar a discutir como que a gente estabelecerá uma parceria nos pequenos reatores nucleares”, afirmou o ministro para a Agência Eixos.
Investimentos e parcerias internacionais para impulsionar o setor
Além disso, a estatal russa Tenex, ligada à Rosatom, já manifestou interesse em expandir sua atuação no país, com foco na exploração de urânio e lítio — elementos críticos tanto para a energia nuclear quanto para tecnologias verdes.
Desse maneira, o governo brasileiro pretende não só explorar essas reservas, mas também atrair centros de processamento e valor agregado para o território nacional. “O Brasil não pode jogar fora nenhuma oportunidade”, reforçou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao destacar o potencial estratégico dos minerais críticos.
A China, por sua vez, aparece como parceira-chave na tecnologia de refino e no processamento desses insumos. Os investimentos chineses já somam R$ 27 bilhões nesta nova rodada, com destaque para setores de energia e tecnologia.
SMRs e o avanço da infraestrutura digital no Brasil
Bem como, o crescimento da demanda por data centers e IA no Brasil depende diretamente da disponibilidade de energia confiável e limpa. “A maior parte desses investimentos exige, até por uma questão de compliance, que a energia seja limpa e renovável”, destacou Silveira, citando o megacomplexo do TikTok no Ceará, com previsão de R$ 50 bilhões em aportes.
Portanto, além de reforçar a geração limpa, os SMRs permitirão descentralizar a produção de energia, com capacidade de abastecer indústrias eletrointensivas e substituir termelétricas a óleo. Especialmente na região Norte do país. “Com os pequenos reatores nucleares, você vai poder produzir energia dentro das indústrias eletrointensivas”, explicou o ministro.
Além disso, o governo também trabalha para ampliar a infraestrutura elétrica, com reforços nas linhas de transmissão até o Porto de Pecém. Assim, isso visa acelerar a conexão desses novos investimentos tecnológicos à malha nacional.
EUA e marco regulatório fortalecem posição brasileira
Nos Estados Unidos, o ministro Fernando Haddad defendeu a posição do Brasil como líder da transição ecológica global. Durante o Milken Institute Global Conference, em Los Angeles, anunciou que o governo enviará ao Congresso um projeto de desoneração total para investimentos em data centers, junto a um marco legal para o setor.
Segundo Haddad, o país está em uma posição privilegiada para atrair investimentos verdes e tecnológicos. “O Brasil defende o multilateralismo. Tem ótimas relações com os grandes blocos econômicos”, afirmou. Destacando ainda o plano de crescimento sustentável baseado na reindustrialização e na transição ecológica.
Essa visão reforça o papel estratégico dos SMRs como solução energética para a nova economia digital e como elemento central para que o Brasil assuma protagonismo internacional em tecnologia e sustentabilidade.
Fontes
- Agencia Eixos.
- Fórum Empresarial Brasil-China.
- Ministério de Minas e Energia, Governo Federal do Brasil.