Solar e eólica reduzem dependência de combustíveis fósseis
A energia solar e eólica atingiram um novo patamar de importância estratégica. Além de reduzir emissões de carbono, essas fontes renováveis estão agora no centro da segurança energética mundial.
Segundo a Ember e o Global Wind Energy Council (GWEC), os avanços recentes demonstram que essas tecnologias já têm escala suficiente para substituir combustíveis fósseis e reforçar a independência energética dos países.
A maioria do mundo ainda depende de importações fósseis
De acordo com a Ember, cerca de 74% da população mundial vive em países que são importadores líquidos de combustíveis fósseis. Isso significa que três em cada quatro pessoas dependem de energia cuja origem está fora de seu território. Nesse sentido, essa dependência não apenas representa um risco geopolítico, mas também expõe economias à volatilidade de preços.
Em contrapartida, as fontes renováveis oferecem uma solução de longo prazo. Como destaca Dave Jones, diretor da Ember: “Combustíveis fósseis são como alugar uma casa; com energia renovável, você é o dono. É um investimento inicial que traz estabilidade e autonomia”.
Países como Japão (87% de dependência de fósseis importados) e Coreia do Sul (81%) são os mais vulneráveis. Já a China tem conseguido manter sua dependência em 21%, graças a investimentos em eletricidade limpa e autossuficiência energética.
Energia solar: retorno em um ano
Bem como, outro dado surpreendente do relatório é que o investimento em painéis solares pode “se pagar” em apenas um ano, em comparação com o custo da importação de gás natural.
Um gigawatt de painéis solares, ao custo de US$ 100 milhões, pode gerar 1,5 TWh/ano. O mesmo valor seria necessário para importar gás que gerasse a mesma quantidade de energia. A diferença? O painel solar é adquirido uma única vez e tem vida útil de 30 anos, enquanto o gás precisa ser comprado continuamente.
Dessa maneira, a relação custo-benefício ressalta o valor estratégico de investir em infraestrutura renovável. Mesmo considerando os custos adicionais de instalação, que hoje chegam a cerca de US$ 0,50 por watt, segundo estimativas da IRENA.
Solar e eólica já superam a gasolina
Talvez o dado mais emblemático seja o que mostra que a geração global de energia solar e eólica em 2024 (4.625 TWh) já seria suficiente para alimentar todos os veículos automotores do mundo, caso fossem elétricos. Isso representa um marco na transição energética e na capacidade das renováveis de abastecer não apenas o setor elétrico, mas também o de transportes.
Carros elétricos são até 3 vezes mais eficientes que os a combustão. Assim, mesmo com a demanda global de gasolina chegando a 14.042 TWh de energia bruta, apenas 3.370 TWh são efetivamente utilizados. A eletricidade limpa, ao ser convertida com 84% de eficiência, já ultrapassa esse valor.
Brasil avança no ranking mundial de energia eólica
No cenário nacional, o Brasil atingiu um novo marco. Segundo o Global Wind Report 2025 do GWEC, o país subiu para a quinta posição no ranking de capacidade instalada de energia eólica onshore, ultrapassando a Espanha. Com 33,7 GW instalados, o Brasil fica atrás apenas de China, EUA, Alemanha e Índia.
Esse avanço foi impulsionado principalmente pelo mercado livre e pelos contratos bilaterais (PPAs). Entre 2021 e 2023, o país viveu um período recorde de expansão eólica. Embora se preveja uma desaceleração em 2024 devido a entraves regulatórios e cortes no setor, o Brasil ainda se posiciona como protagonista na transição energética global.
Transição energética é chave para autonomia e estabilidade
A combinação entre expansão da capacidade renovável e queda dos custos coloca a energia solar e eólica como pilares da nova arquitetura energética global. Mais do que uma solução ambiental, essas tecnologias são instrumentos de soberania nacional e resiliência econômica.
Com o avanço da eletrificação de setores como transporte e indústria, e o aumento da produção de eletricidade limpa, o mundo tem hoje uma oportunidade única de reduzir sua dependência de combustíveis fósseis e garantir sua segurança energética com base em fontes renováveis e acessíveis.
Fontes: