Relatório da COP28 destaca quais as metas e desafios para uma Transição Energética Sustentável até 2030
Recentemente, a COP28 publicou seu primeiro relatório anual em parceria com a Aliança Global de Energias Renováveis, a IRENA, o Governo Brasileiro e o Ministério da República do Azerbaijão.
É de conhecimento geral que a crise climática está se intensificando, estudos recentes apontam que este é um tema cada dia mais preocupante no Brasil e no mundo.
Por conta disso, diversos os acordos climáticos, como o Acordo de Paris, surgiram com o objetivo de promover ações coletivas mundialmente. A fim de mitigarmos os impactos das mudanças climáticas.
Nesse sentido, as energias renováveis possuem um papel fundamental para atingirmos as metas de manutenção do clima.
O relatório da COP28 enfatiza dois aspectos fundamentais para conseguirmos transformar o modelo sócio econômico mundial em busca da descarbonização: a triplicação da capacidade de energia renovável e a duplicação da eficiência energética até 2030. Veja mais a seguir!
O contexto e desafios do Relatório COP28
Inicialmente, o Primeiro Inventário Global, realizado durante a COP28, originou o texto que destaca a importância das energias renováveis como uma ferramenta vital na luta contra as mudanças climáticas.
Nesse sentido, a declaração de quase 200 países para triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a taxa média de melhorias em eficiência energética é um passo inédito.
Refletindo a urgência e a responsabilidade compartilhada em enfrentar os desafios climáticos.
Portanto, este relatório não apenas avalia os progressos feitos até agora. Mas também, estabelece um marco para as futuras ações necessárias em prol do alcance desses objetivos ambiciosos.
Quais são as principais descobertas do Relatório COP28?
Veja quais são as principais descobertas presentes no relatório!
1. Não atingimos o crescimento esperado na capacidade renovável…
Para alcançarmos a meta de 11,2 Terawatts (TW) de capacidade de energia renovável até 2030, serão necessárias adições anuais médias de 1.044 GW entre 2024 e 2030.
Ou seja, é preciso crescimento anual composto de 16,4%. Infelizmente, registrou-se um crescimento anual de 16,1% no último período.
Portanto, os números são alarmantes. Em 2023, apenas 473 GW de nova capacidade de energia renovável foram adicionados.
Dentre esses, 346,9 GW foram provenientes da energia solar, 114,5 GW de energia eólica e 11,6 GW de bioenergia combinada com energia hidrelétrica.
Essa quantidade não se aproxima do que é necessário para manter o ritmo das metas estabelecidas.
Nesse contexto, ainda há um longo caminho para uma transição rápida e significativa para fontes de energia limpa.
2. Precisamos diversificar os investimentos
Em conformidade, os dados sobre a adição de capacidade renovável em 2023 revelam uma história de sucesso em termos de investimentos em energia solar.
Contudo, as tecnologias de energia eólica e bioenergia não conseguiram acompanhar o crescimento, destacando um desequilíbrio.
Assim, para atingir as metas de triplicação, o mundo precisaria aumentar a capacidade de energia eólica on-shore em três vezes. A offshore em seis vezes e a bioenergia em seis vezes. Já a energia geotérmica precisaria crescer 35 vezes.
Afinal, a transição energética sustentável não deve se apoiar em uma única tecnologia. É essencial diversificar o portfólio de soluções para atender à demanda de diferentes regiões e contextos.
3. Devemos acelerar a participação dos países em desenvolvimento na Transição Energética!
Outro ponto indicado é a desigualdade na instalação de capacidade de energia renovável ao redor do mundo.
Em 2023, quase 85% da capacidade instalada estava concentrada em três regiões: Ásia, Europa e América do Norte.
Por outro lado, a África, que possui um enorme potencial de recursos renováveis, representou apenas 1,6% da capacidade total.
Essa contraposição limita o potencial de crescimento econômico em regiões menos desenvolvidas. Bem como, impede um avanço equitativo na luta contra as mudanças climáticas.
Dessa maneira, apontou-se a necessidade que as nações desenvolvidas, que historicamente contribuíram mais para a crise climática, aumentem o apoio financeiro e tecnológico para os países em desenvolvimento. Contribuindo para a redução das emissões de carbono e permitindo que os países emergentes avancem em direção às suas próprias metas de desenvolvimento sustentável.
Desafios para o futuro global: Reajuste de metas e ações efetivas!
De antemão, os planos e metas definidos indicam que o crescimento da capacidade de energia renovável até 2030 será insuficiente. As projeções sugerem que apenas 7,4 TW serão adicionados, resultando em uma lacuna significativa de 3,8 TW.
Desde a COP28, apenas três países revisaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs): Marrocos, Estados Unidos e Nova Zelândia.
Dentre esses, apenas os Estados Unidos aumentaram suas ambições em relação às energias renováveis. E dado o resultado das últimas eleições de 2024, é provável que esses objetivos sejam revistos.
Em suma, a falta de alinhamento entre as metas das NDCs e os planos nacionais é um desafio significativo para o progresso climático.
Apesar de serem fundamentais para combater as mudanças climáticas, essas metas enfrentam obstáculos políticos e econômicos.
Energias Renováveis: Um Caminho para Segurança e Economia
As energias renováveis são hoje a opção mais econômica para novas fontes de eletricidade em grande parte do mundo.
Em 2023, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) apontou que 81% da nova capacidade renovável foi mais barata do que a geração com combustíveis fósseis. Oferecendo uma oportunidade estratégica para reduzir emissões, aumentar a segurança energética e impulsionar a independência econômica.
Contudo, o progresso em eficiência energética ainda é insuficiente. A taxa de melhoria permanece em 2%, enquanto seria necessário ao menos 4% ao ano até 2030 para atender às metas globais.
Para alcançar esse índice, ações urgentes são essenciais em setores como transporte, construção e indústria. Além de um avanço significativo na eletrificação desses segmentos.
E segundo o relatório, apesar do recorde de investimentos em renováveis, com USD 570 bilhões em 2023, o montante anual necessário até 2030 é de USD 1,5 trilhões.
A eficiência energética também precisa de um aumento substancial, passando de USD 323 bilhões para USD 2,2 trilhões por ano. Esses números reforçam que mais do que recursos, é preciso compromisso político para sustentar a transição energética global.
O Relatório COP28 aponta a necessidade do esforço global e da efetividade das ações!
Por fim, o relatório da COP28 destaca que apesar dos grandes desafios, temos a necessidade urgente de um esforço global coordenado. A fim de atingirmos as metas de energia renovável e eficiência energética.
Desse modo, para cumprirmos estes objetivos, todos os países, independentemente do seu nível de desenvolvimento, precisam intensificar suas ações. Nesse sentido, designou-se a IRENA como a agência responsável por monitorar e relatar o progresso dessas metas. Representando uma oportunidade para melhorar a colaboração internacional.
Ressalta-se que a luta contra as mudanças climáticas não pode ser realizada isoladamente. Ela requer uma ação coletiva que ultrapasse fronteiras e interesses individuais.
O que esperar da COP29?
Este ano, a 29ª Conferência das Partes (COP29) ocorrerá de 11 a 22 de novembro de 2024 em Baku, capital do Azerbaijão. E reunirá líderes globais para debaterem o progresso das iniciativas sobre a descarbonização, financiamentos climáticos e o alcance das metas de transição energética no geral. O país tem um forte histórico de sediar eventos internacionais e escolheu o Estádio de Baku como local para a COP29.
Um dos temas centrais são as Contribuições Nacionalmente Determinadas 3.0 (NDCs 3.0), com lançamento previsto para 2025. Como vimos, elas são vitais para evitar os piores impactos da crise climática que atinge todas as economias.
Por fim, COP29, o secretariado está organizando mais de 20 eventos paralelos e eventos especiais com outros parceiros relacionados às NDCs 3.0.
Esses eventos fornecerão uma plataforma crucial para as comunidades globais interessadas trocarem insights, mostrarem soluções inovadoras e aprofundarem a colaboração em questões críticas relacionadas à próxima geração de NDCs. Veja o calendário do evento.
Fonte: Relatório da COP28 sobre a capacidade de energia renovável e eficiência energética.
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